#Maria Capaz

Quando era miúda, sentia que o facto de ser mulher era uma desvantagem.
Em casa, na escola e na rua, os rapazes e os homens tinham o caminho muito mais facilitado. As diferenças eram tão notórias, que por vezes sentia que tinha um defeito inconsertável.
Detentora de um espírito livre e de uma força arrebatadora, via a condição feminina como castradora. Eram mais os NÃO que os SIM e a verdade é, que se devia ao facto de ter nascido mulher. Cresci então com a ideia de que, ser mulher não era muito positivo.
Adoptei o papel de Maria Rapaz e fui ganhando algumas conquistas. Até mesmo em casa, tinha vantagens que as minhas duas irmãs não tinham. Vantagens essas, vindas do meu pai, está claro.
Aos olhos de alguns, era desajustada, devia ter nascido rapaz. Então de vez em quando lá recebia uns “doces” por ter nascido no corpo errado. Pensavam eles…

Desempenhei bem o meu papel de Maria Rapaz, principalmente quando me deu mais jeito, mas dentro de mim, uma força muito maior movia-me e não me deixava ser enganada. Sabia que o meu dia, iria chegar. Que a minha voz iria ganhar lugar e espaço para falar mais alto e que nessa altura, já todos sabiam que afinal ser mulher é sinal de grande força e respeito.

Sou apaixonada pelas Mulheres, pela sua força incrível, pela capacidade de reciclarem sentimentos e objectos, pela sua beleza, singularidade e sensibilidade e pela sua intrínseca capacidade de amar incondicionalmente. Adoro-as, ponto!
Sou por isso suspeita, ao falar do projecto “Maria Capaz”. Um projecto que veio na altura certa e que mesmo nascido a um mês, já dá muito que falar.

50.000 seguidores e uma infindável lista de histórias inspiradoras, todas vividas por mulheres, sejam elas apenas as Marias do dia-a-dia ou as Marias do grande ecrã e das capas de revistas.
“Maria Capaz”, é uma plataforna on-line de ideias, um espaço de afirmação da mulher portuguesa e de discussão da condição feminina a nível global, que analisa a actualidade informativa. Um espaço que recebe ensaios fotográficos, ensaios literários, crónicas, textos livres, curtas, crítica cultural, debate, reportagem, grande entrevista, moda e tudo o mais que nascer com o cunho “M”.

O projecto foi criado, pela Rita Ferro Rodrigues e Iva Domingues, colegas de profissão e amigas do coração. Unidas por uma forte amizade e ideais em comum, fazem nascer este projecto que pretende dar voz a todas as mulheres portuguesas e contribuir para assuntos relacionados com os direitos humanos e igualdade de género em particular.

Tive a oportunidade de entrevistar as criadoras deste projecto que estão empenhadas em despertar consciências, que partilho de seguida.

CLEVER: Como nasceu esta ideia?
MARIA CAPAZ: Da necessidade de fazermos aquilo que nos realiza (escrever e entrevistar) e com isto conseguir contribuir para a igualdade de género em Portugal

C: O que vos une?
MC: Uma forte amizade e o facto de partilharmos de ideais comuns: o feminismo, a atenção a todos os assuntos relacionados com os direitos humanos e igualdade de género em
particular. A vontade gigante de contribuir para a afirmação da mulher portuguesa no mundo.

C: Estavam à espera de um crescimento tão rápido?
MC: Nem pensar. Sabíamos que havia uma forte apetência para estas temáticas estes números surpreendem-nos completamente.

C: Que voz esperam dar às mulheres de Portugal?
MC: A voz da liberdade de serem o que quiserem ser.

C: Estão abertas a expandir o projecto a mulheres de todo o Mundo?
Sim, claro!

C: Que força é esta que faz da mulher, ser uma Maria Capaz?
MC: A força da sobrevivência de anos e anos de violência, atropelos aos direitos mais básicos e mesmo assim contribuindo para um mundo mais justo e livre.

C: Vêem a maternidade como uma força catalizadora de poder, na mulher e no Mundo?
MC: Claro. Se for essa a opção da mulher. E se tiver todas as condições para que essa maternidade seja exercida com condições de saúde e apoio social que permita à mulher ser feliz na maternidade.

C: Se pudessem fazer uma pergunta às mulheres portuguesas, que ainda estão adormecidas e escondidas na sombra de um homem, qual seria?
MC: Não seria uma pergunta… Seria uma afirmação é um convite “Estamos aqui. É possível. Juntem-se a nós.”

C: Se a sociedade voltasse a ser matriarcal, como seria?
MC: Primeiro tem de se libertar do patriarcado… Depois logo falamos.

C: Em que momento se tornaram mulheres Maria Capaz?
MC: Desde que nos apercebemos das desigualdades de género em Portugal e no mundo e decidimos fazer qualquer coisa para mudar mentalidades e leis.

A plataforma é recheada de beleza e momentos únicos, não deixem de visitar: mariacapaz.pt

Homens menos atentos, despertem e dêem um contributo para aquela que é a maior e mais criativa força da Natureza.

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Dina Fonseca

Chamo-me Dina. Dina Fonseca. Mas por aqui, chamem-me Infiltrada. E o que vou fazer é, literalmente infiltrar-me no vosso universo, na vossa cabeça. Vou meter o bedelho onde não sou chamada! SIM!!! Caros senhores estejam atentos, porque a Infiltrada anda à solta… e com uma colher de pau.

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