Com um início surpreendente, pela originalidade do momento criado em tom de “comédia de situação”, Corações Inquietos começa bem, mas à medida que se adentra no conflito proposto, vai deslizando numa espiral de incompreensível falta de gosto e de noção de coerência no domínio cinematográfico.

O tema escolhido, já de si algo arriscado, embora interessante pela sua actualidade, é retratado de forma inverosímil, cheio de incongruências e vinculado a interpretações forçadas. Dá a sensação de que nem mesmo a equipa responsável pelo filme acredita no que está a fazer.

Ainda assim, o que destaca realmente pela falta de qualidade, são os recursos dramatúrgicos usados na narrativa, reveladores de um total amadorismo. Não aplico aqui o antigo sentido da palavra amador, que remete à pessoa que faz algo por amor e com total desprendimento, mas no sentido pejorativo a que se foi vinculando a palavra, com o intuito de evidenciar a total falta de competência no trabalho de Saverio Costanzo. Quase custa a acreditar que um filme assim possa ter estreia comercial, quanto mais ter ganho prémios nos festivais de Veneza e de Toronto. Mas gostos não se discutem, toleram-se.

Na utilização excessiva e deslocada de grandes angulares, numa banda sonora que procura ambientes de suspense e terror, o realizador tenta fazer uma colagem de géneros, entre o drama e o suspense, assumida, mas totalmente aberrante e despropositada. E para colmatar este amontoar de disparates, o filme ainda se vende, no trailer promocional, como uma homenagem a autores de referência como Roman Polanski e Alfred Hitchcock.

Pouco mais tenho a falar deste objecto que se diz chamar filme, a não ser que do mau que é até diverte. Mas não é por vivermos numa época em que o divertido é que é bom, que nesta avaliação lhe dou mais do que… uma estrela.

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