Nos primeiros minutos de filme, Cake revela de imediato o género e a temática onde se insere. Drama filmado de forma realista, sobre uma mulher que vive dilacerada por dois tipos de dor, uma dor física e uma sentimental.
Como é comum dentro do género, durante a trama assistimos a uma fracção temporal na vida desta mulher, e das pessoas que a rodeiam, na luta por superar o trauma que a mantém suspensa na dor, procurando a libertação na aceitação positiva do motivo do seu transtorno.
O objectivo previsto pelo filme de colocar-nos na pele de alguém que sofre de uma dor crónica é suportado pela actriz Jennifer Aniston. O trabalho físico e intelectual da actriz transmite de forma intensa o sofrimento causado por essa dor. O desempenho no comportamento irascível da personagem é controlado pela realização ao ponto de o tornar realista, para um público que consegue manter uma relação de aceitação e empatia para com a vítima das circunstâncias propostas pelo drama. Infelizmente nem todos as interpretações estão ao nível de Aniston, a actriz Adriana Barrasa, responsável pela personagem mais próxima da protagonista, embora transmita alguma simpatia, tem um desempenho bastante inferior, o que provoca alguma insegurança na credibilidade de certas situações. Outro aspecto menos positivo do filme, são os momentos que saem do contorno realista habitual, para divagarem nos meandros de uma pseudo alucinação que nos transporta para um monólogo interior da protagonista, com uma figura espectral, representada por Anna Kendrick, responsável no percurso de salvação de Aniston. É perceptível a necessidade deste recurso no desenvolvimento do drama, mas a resultado nem sempre é bem conseguido, devida a encenações algo forçadas.
Chegando ao final da experiência projectada na tela, os aspectos positivos do filme suplantam os negativos e somam resultados favoráveis no relato de um drama que não esquece a responsabilidade didática de nos dar a conhecer um problema, até agora pouco retratado pelo cinema, o da dor crónica.
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